Exportações brasileiras sob pressão: nova política tarifária dos EUA exige ação estratégica
A parceria comercial entre Brasil e Estados Unidos, firmada ao longo de décadas, está prestes a passar por um teste significativo. A partir de 1º de agosto de 2025, uma nova política tarifária será implementada pelo governo americano, elevando em 50% as tarifas aplicadas a diversos produtos brasileiros. A medida trará consequências diretas para exportadores e exigirá uma resposta ágil e estratégica das empresas — especialmente no âmbito contábil.
EUA: segundo maior destino das exportações brasileiras
Em 2024, as exportações brasileiras para os Estados Unidos movimentaram cerca de US$ 36 bilhões, com destaque para setores como petróleo, agronegócio, indústria aeronáutica e bens manufaturados. Essa relação, no entanto, será abalada pelas novas tarifas, que buscam proteger a indústria americana, mesmo diante de um superávit comercial favorável aos EUA.
Principais produtos afetados
A lista de produtos brasileiros exportados aos EUA é extensa e inclui itens de alto valor estratégico para a economia brasileira:
- Café: o Brasil abastece aproximadamente um terço do consumo americano.
- Carne bovina: os EUA figuram como segundo maior destino da carne brasileira.
- Suco de laranja: mais da metade do suco consumido nos EUA vem do Brasil.
- Petróleo bruto: o pré-sal fortalece o Brasil como fornecedor relevante.
- Aeronaves: especialmente da Embraer, com papel expressivo no setor industrial.
- Semi manufaturados de ferro e aço: essenciais para a cadeia produtiva americana.
- Materiais de construção: tubos, chapas e moldes metálicos.
- Madeira processada: laminados e serrados usados na construção civil.
- Máquinas e motores industriais.
- Componentes eletrônicos, ainda que em menor volume.
Todos esses segmentos sofrerão impacto imediato com a nova carga tributária, elevando os custos de entrada no mercado norte-americano.
O contador como agente de transformação
Diante desse novo cenário, o papel dos profissionais da contabilidade se torna ainda mais estratégico. Caberá a eles orientar os negócios exportadores quanto às implicações fiscais, contratuais e operacionais da mudança tarifária.
Entre as principais ações estão:
- Revisão contratual: adaptação de cláusulas relacionadas a tarifas, câmbio e frete internacional.
- Impacto financeiro: análise do Demonstrativo de Resultados (DRE) e revisões no fluxo de caixa com base nas novas exigências.
- Atualização de sistemas: parametrização de ERPs e sistemas contábeis com os novos tributos.
- Simulações de impacto: elaboração de relatórios comparativos entre cenários com e sem a nova tarifa.
- Revisão de rotas e custos logísticos.
- Auditorias sobre exportações.
- Participação ativa nas decisões estratégicas da empresa.
- Capacitação da equipe em regimes aduaneiros e possibilidades de isenção.
Mais do que nunca, o contador se posiciona como um aliado essencial na tomada de decisões estratégicas, oferecendo não apenas precisão técnica, mas também visão de mercado. Em tempos de instabilidade no comércio internacional, sua capacidade de análise será decisiva para manter a competitividade das empresas brasileiras no cenário global.
